Marcelli Von Reisswitz é escritora, editora do projeto Efêmera.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu geralmente acordo e vou direto passar o meu café, é um ritual. Depois, me atualizo do que aconteceu enquanto eu dormia e vou trabalhar.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu amo escrever no período da noite, principalmente antes de dormir. Não tenho nenhum ritual de preparação, pego meu bloco de notas do celular ou meu diário, que deixo sempre do lado da cama, e escrevo. Em alguns lapsos de inspiração, escrevo em outros momentos do dia ou gravo áudios em um grupo de Whatsapp comigo com ideias de futuros textos.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu não gosto de ter metas, escrevo sem pressão, principalmente depois da pandemia.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Escrevo sobre o que me atravessa, sobre o que arde no momento. É comum descartar frases no meio do caminho, reutilizar partes em outros textos, gosto de brincar de colagem com a escrita.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Terapia! hahahah Brincadeiras à parte, parei de me cobrar tanto. Encaro a escrita como um lugar seguro e que me possibilita ser quem sou de verdade, sentir o que quero sentir e criar cenários que gostaria de estar vivendo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Sou do time que deixa o texto dormir. Depois de escrever, não leio, não toco, não reescrevo até o dia seguinte. Reviso e mando para pessoas de confiança.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo no bloco de notas do celular ou no grupo de Whatsapp que tenho comigo, acho que a tecnologia facilita a escrita e me ajuda muito a não esquecer as ideias que tive. Preciso anotar, caso contrário esqueço muito fácil. Mas costumo escrever no meu diário à mão, gosto dessa possibilidade quando quero me expressar de uma forma mais livre, com desenhos e rascunhos nas entrelinhas.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Gosto de escrever sobre coisas que vivi e que ouvi. Tenho o hábito de ler muito, assistir muitos filmes e séries, observar as pessoas, e isso me inspira. A escrita é, para mim, uma das formas que me expresso, não a única. Sinto que preciso pintar, cantar, ouvir música e liberar esses sentimentos de várias formas, para que consiga escrever também – sem pressão.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O que mudou no meu processo de escrita é que ele acompanhou as mudanças que tiveram na minha vida, amadureceu, sabe? Antes eu só conseguia escrever sobre cenas e sentimentos reais, hoje eu consigo criar e imaginar. Se eu pudesse voltar no passado, diria para usar menos ‘’que’’s nos textos. hahaha
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
No início da pandemia, criei o projeto Efêmera: uma espécie de newsletter. Nele, eu enviava, toda quarta-feira, um texto autoral, uma sugestão de leitura e um desafio da semana. Além de convidar artistes e divulgar suas obras. Com a correria do dia a dia, não consegui mais me dedicar ao projeto e adoraria retomar. Quero ler um livro sobre histórias de mulheres lésbicas reais, cotidianas e que eu me identifique.