Manu Montenegro é poeta e jornalista.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Acordo com minha filha chamando do berço. A rotina é a que ela demandar. Quando consigo acordar espontaneamente alguns minutos antes, pego o celular e abro o Twitter. Já foi diferente.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Me sinto melhor para escrever pela manhã, mas minha vida hoje não me dá mais esse “direito”. Acabo escrevendo à noite, a última coisa que faço.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo quando consigo. Estou sempre anotando ideias. Não tenho meta.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Anoto minhas ideias em arquivos diários. Quando sento para escrever, começo a abri-los e ver qual das anotações me pede mais atenção e passo a desenvolver a ideia dali.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Lido muito mal, com longas pausas e negligência. Acabo inventando ótimas desculpas, com ajuda do pragmatismo, para não priorizar minhas possibilidades como escritor.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso toda vez que abro o arquivo com o texto. Às vezes salvo versões para deixar um rastro do texto original. Mostro alguns textos para pouquíssimos amigos.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Depende do dia e da situação. Não tenho preconceito contra computador. A tecnologia me ajuda demais, mas é raro ter uma ideia pela primeira vez na frente do computador; já percebi isso.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Ouvir música, ouvir as pessoas que me falam e, principalmente, as que não estão falando comigo; ler notícias compulsivamente; e dar aulas de português.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Racionalizei mais o processo. Diria a mim mesmo que usasse parte da energia investida na escrita para organizar a produção, não apenas produzir, como fazia no início.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Um livro sobre minhas memórias afetivas. Talvez nunca chegue a existir, mas quero fazê-lo.