Luiz Gusmão é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Na verdade, ainda não sou muito disciplinado, não tenho uma rotina de horário específico para começar a escrever, pode ser pela manhã, ou no decorrer do dia, mas a minha rotina matinal, não impacta a minha produção.
Mas eu bebo muito café desde o horário da manhã, até o final do dia, tudo para me manter acordado e concentrado na minha produção.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu acredito que não tenha um horário específico para produzir melhor, o que me faz produzir melhor é a minha inspiração e esta acontece durante o dia inteiro, não sobre um horário ou período específico do dia.
Eu não tenho nenhum ritual de preparação para a produção em curso, a única coisa que faço diferente são resumos das histórias que irei escrever posteriormente, para não esquecê-las.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Como disse na resposta anterior, não posso mensurar quantidade de produção mediante a período específico de um dia, afinal há mudanças grandes na produção, tudo motivado pela inspiração.
Eu já produzi muito com metas diárias, mas tive diversos problemas com relação a isto, um deles foi o enorme desgaste físico.
Eu não busco manipular a história, deixo a história fluir naturalmente, da forma com que ela quer, por esse motivo, quando eu estipulava metas diárias, as variáveis de rumos que a história tinham, deixavam a escrita muito mais pesada, pois as vezes estas variáveis eram de 5 páginas, mas um dia as variáveis foram de oitenta páginas, o que me fez desistir no dia seguinte de cumprimento de metas diárias.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Geralmente o meu processo de escrita é muito simples, primeiro eu imagino o gênero que quero escrever, depois eu busco criar a história, com isto eu faço um pequeno resumo em minha cabeça contendo o início, meio e fim, o que não necessariamente quer dizer que durante a escrita, aquilo que imaginei como início, meio e fim serão colocados, pois como eu disse não manipulo minhas histórias, as deixo fluírem naturalmente.
Não tenho dificuldades em começar, minha única dificuldade inicial, é me motivar a escrever aquela história específica invés de outras.
Eu busco fazer a pesquisa na terceira etapa de produção, primeiro eu escrevo toda a história, depois a faço a primeira revisão para erros gramaticais e depois da correção gramatical, eu faço as pesquisas para verificar os erros de roteiros que por ventura eu posso ter deixado na história.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quanto às travas de escrita, ou bloqueio criativo ou produtivo, eu busco sempre me motivar a escrever, nem que seja um parágrafo do dia, mantendo a minha produção, sendo ela grande ou pequena, consigo manter-me motivado a escrever.
Nunca tive medo de não corresponder às expectativas, pois não tenho nenhuma, a partir do momento que obter algum reconhecimento no mercado e um público fiel, possivelmente terei medo, mas enquanto não tenho tal público não gero a expectativa.
Não tenho projetos de trabalhos longos, o que não quer dizer que não farei, até publicar a obra literária, tudo pode acontecer, desde a ampliação ou sequencia do mesmo, até um cruzamento de histórias, por isso eu neste momento, ainda não idealizei um projeto deste porte, mas não posso dizer que não o farei.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não tenho uma resposta para esta pergunta, pois cada vez que eu leio minhas histórias, eu sempre acho algo para mudar e mesmo depois de prontas, registradas e em fase de análise curatorial, eu ainda sim acho que não estão prontas.
Sim, geralmente eu mostro para um grupo de seis a dez pessoas, para receber as minhas primeiras críticas com relação a cada história.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu sempre utilizei o computador para tudo, mas recentemente também tenho utilizado um caderno, geralmente eu o faço, quando estou impossibilitado de utilizar o computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Geralmente eu idealizo um gênero, após isso, eu crio a história básica com início meio e fim, depois eu crio os personagens da história e o cenário, depois eu crio o período histórico, quando a história está inserida dentro da realidade, quando é uma fantasia ou uma história fantástica, eu não me preocupo com o período histórico.
Eu não tenho nenhum hábito que cultivo para ser criativo, apenas faço estas coisas que descrevi no parágrafo acima.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Houve uma evolução significativa na minha escrita ao longo das histórias, desde melhorias na gramática, criação de enredo, criação de personagens, criação de mundos, interligação de fatos históricos com o enredo, interligação de personagens, entre tantas outras coisas que evoluíram.
Não diria nada, sei que evoluí muito, o que quer dizer que havia muito que mudar, sei que ainda tenho, mas se não fosse desta forma não didática mas empírica, seria menos prazeroso a minha evolução.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Um projeto que tenho guardado em meus arquivos de resumo, que ainda não escrevi nada sobre este gênero, são histórias de ficção científica.
Não sei o que gostaria de ler que não tenha existido.