Leidiane Holmedal é escritora.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Meu dia começa bem cedo, às 5am. Sou uma pessoa matinal e gosto de resolver tudo que tenho pra fazer durante a manhã.
A minha rotina é começar o dia sempre com exercícios. Vou pra academia, depois banho, organizar coisas de casa e fazer almoço. Essa é a minha rotina de todos os dias, sempre na mesma ordem, rsrs.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu trabalho melhor quando estou escovando os dentes, no banho, na academia ou na cama antes de dormir. Parece estranho, mas são horários que o meu cérebro fervilha com pensamentos e eu me sinto mais vulnerável e deixo os sentimentos fluírem.
Música é o meu ritual pra vida. Tudo que faço é ouvindo música. Ela me inspira. Deixo a música tocando no celular e os sentimentos vêm.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta de escrita. Escrevo quando sinto que tenho algo a dizer. Não me pressiono. Se não quero, não quero e deixo a vida seguir. Quando a necessidade vem, escrevo um monte, pois, quero colocar pra fora tudo que ficou guardado por dias. Então acabo tendo muito material, o que compensa os dias em que não escrevo.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
É difícil começar, preciso de um gatilho para que as emoções fluam. Eu sou muito controladora com meus sentimentos, fico sempre tentando não sentir dor, não sofrer…
Então há aqueles dias em meus cantores favoritos lançam música / album novo, ou eu tô com os hormônios fervilhando… é aí que a mágica acontece.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não me pressiono. A escrita é um trabalho, mas antes disso ela é o que eu sinto. Às vezes fico meses sem escrever nada e em um dia de muita vulnerabilidade escrevo 10 ou 15 textos, no dia seguinte a mesma coisa.
Eu quero que a escrita seja sempre a minha forma de me expressar pro mundo e não uma obrigação.
As vezes algo surge na mente e eu anoto, mas aquilo não flui. Deixo lá. Quando a inspiração vem eu começo algo diferente, por vezes consigo encaixar os sentimentos e as palavras, outras vezes não. Então continua lá.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso algumas vezes enquanto escrevo. Depois de escritos raramente os leio novamente. Eles são sentimentos que precisavam ir pro mundo, serem deixados pra trás. Depois que eles se vão eu já sou uma pessoa diferente e eles não cabem mais em mim.
Mostro quase todos os meus escritos para a minha melhor amiga, Lucila. Que também é co-autora do nosso livro As 79 Luas de Júpiter.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Sempre no celular. É o que tenho mais próximo o tempo todo. Não uso computador com frequência e a escrita a mão também não é diária.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Majoritariamente das músicas que ouço e dos amores que vivi e vivo. Escrevo muito sobre amor, é o que tenho em abundância e gosto de sentir e viver profundamente.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
No início a minha escrita era sobre dores da minha infância. Era uma escrita meio perdida. Da pra perceber que aquela Leidiane estava confusa e não se conhecia.
Com o tempo ela passou a ser sobre amor, confiança, autoconhecimento, sobre me sentir ansiosa, meus traumas e transtornos, mas de uma forma mais compreendida por mim mesma.
Acho que não diria nada, eu precisava viver aqueles processos exatamente como aconteceram.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Estou trabalhando num livro de crônicas que espero ser publicado em português, inglês e norueguês.
Gostaria de ler minha própria biografia, mas preciso passar por muitos processos de cura para escrevê-la ou lê-la nas palavras de outra pessoa.