Kermerson Dias é poeta paraibano.

Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Eu me divido entre meu trabalho no mundo corporativo (Gerente de RH) e ter um tempo dedicado às leituras, à escrita e ao cuidado das minhas redes sociais destinadas às publicações de poemas e textos. Geralmente tiro o turno da noite, quando com mais calma e silêncio, consigo me concentrar nestas atividades. Eu traço um cronograma na semana, dividido entre ter um tempo para leitura (outros autores) e outro tempo para minha produção.
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
Tenho atuado de forma mais planejada, antecipada e com prazos, isso tem me dado melhores resultados e uma conclusão mais assertiva. Eita, boa pergunta! Às vezes começar é bem difícil, ainda mais quando se falta inspiração. Mas fechar amarrando todo o texto, com aquele final que diríamos “uauuu”, também dá uma certa dor de cabeça em alguns momentos.
Você segue uma rotina quando está escrevendo um livro? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para escrever?
Para a produção do livro, eu revezei entre escrever textos inéditos, como também revisei /selecionei produções antigas. Para os dois casos, sim, precise dedicar tempo, concentração, silêncio, foco. Este processo exige muito do autor. Eu, particularmente, quero muito fazer uma entrega de qualidade, conectado com meus sentimentos mas também com o olhar do meu leitor.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? O que você faz quando se sente travado?
Busco dedicar tempo a outras artes, como cinema, leituras diversas, música. Isso me faz “navegar” com outros meios artísticos e sentir a alma de outros artistas. Mas para lidar com a procrastinação, eu busco atuar com planejamento e governança de tempo.
Qual dos seus textos deu mais trabalho para ser escrito? E qual você mais se orgulha de ter feito?
Ixe, são tantos, ainda mais aqueles que transbordam alguma emoção de momento. Mas eu gosto muito dos textos que escrevi pós nascimento das minhas sobrinhas. Eles me fazem chorar até hoje.
Como você escolhe os temas para seus livros? Você mantém um leitor ideal em mente enquanto escreve?
Meu primeiro livro nasceu de forma leve e natural, baseado na relação que eu havia construído com meu leitor através das redes sociais. Optei por seguir minha linha de texto, imagem, cores e posicionamento. Existem alguns leitores assíduos e fieis, que estão sempre interagindo nas redes sociais, foram estes que coloquei em mente ao construir o projeto gráfico e editorial do livro.
Em que ponto você se sente à vontade para mostrar seus rascunhos para outras pessoas? Quem são as primeiras pessoas a ler seus manuscritos antes de eles seguirem para publicação?
Ah, na maioria das vezes não mosto, rs! Sou mais reservado quanto a isso e sigo trabalhando no texto até me sentir confortável em compartilhar. Mas tenho umas 3 a 5 pessoas de meu círculo íntimo, que geralmente divido antes, ainda quando estou inseguro. São pessoas que têm um olhar poético e são críticas. Fico seguro com o retorno que me passam.
Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita? O que você gostaria de ter ouvido quando começou e ninguém te contou?
Em 2019, durante um período de depressão e que me afastou do mundo corporativo. Tirei um ano “sabático” para cuidar da mente e da alma. Foi um processo doloroso, mas que me permitiu me reconectar com o “meu eu” e me trouxe segurança para voltar à escrita. Gostaria de ter me ouvido mais, esta é a verdade. E ouvir que “eu posso, eu consigo”.
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros?
Tempo, maturidade e autoconhecimento, isso tudo me ajudou a me conhecer e me definir como escritor. Vários nomes me influenciam até hoje. Seria difícil nomear todos, mas diria que Fernando Pessoa e Manuel Barros são nomes que me tocam forte.
Que livro você mais tem recomendado para as outras pessoas?
O meu, rs! “Caiu poesia no meu Café”. Está esgotando a segunda tiragem, inclusive.
* Entrevista publicada em 10 de julho de 2022.