Kauan Tosta é escritor, ator, modelo e empresário, autor de “Bosque dos girassóis”.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Acho que nunca me dei bem com horários pré-definidos, as horas me devoram pouco a pouco e corro (mesmo que parado) até perceber que não saio do lugar. Improviso no palco, na escrita e na vida (óbvio que, sabendo qual o objetivo final).
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Meu ritual consiste em um único passo: Sentir. Todas as folhas que balançam nos parques de maio me contam histórias, os ventos me sussurram vagarosamente o que escrevo. A melhor hora? A que mais sinto.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Minha meta é colecionar meus fragmentos diários e, pouco a pouco, aprender a decifrá-los. Escrevo quando sinto algumas brisas de verão, quando vejo que as gotas da chuva, gentilmente, calam a luz e o quente frescor do castiçal que normalmente esqueço perto do balcão.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Como eu disse: É um eterno vai e vem. Meu processo de pesquisa? Na verdade, eu que sou o pesquisado… O universo tende a manter esses curiosos e indecifráveis olhos sobre nós.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não vou mentir, é complexo! A incapacidade de descrever o que sinto justamente pela minha válvula de escape principal é como acordar um dia e repentinamente não saber falar. Aprendi a ser paciente, tal como um bom fruto precisa de tempo para amadurecer, assim são as poesias: Sentir, pensar, sentir novamente e ter a honra de fazê-la existir.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso gramaticalmente pois criei o costume de pensar mais rápido do que escrevo (provavelmente até essa entrevista foi revisada por mim umas vinte vezes). Não tenho problema de mostrar o meu trabalho afinal vivo com isso! Tenho 16 anos, 2 livros, 1 publicado profissionalmente (Bosque dos girassóis) no meu site (kauantosta.com) e uma autocobrança relativamente tóxica que trabalho no dia a dia.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Comecei a escrever com 9 anos e os primeiros poemas foram postados no Facebook (obrigado vovó por todos os corações nas publicações)
Atualmente, me acostumei com o bloco de notas do celular mas nada troca a simplicidade de acender uma vela durante uma forte noite de chuva e escrever sobre como vi a sombra do pôr do sol passar entre as folhas das árvores naquela tarde.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
E se eu responder que não sei?! Passo 70% do meu dia ouvindo música, os outros 30% gasto procurando as que quero ouvir (quem se identificou? Levanta a mão!)
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O que mudou? As dores… A intensidade, o lugar onde doía, os rostos mais claros foram borrados e restaram somente as lágrimas para limpá-los, hoje sou o que sou através das dores
Das que senti e das que evitei.
O que eu diria a mim mesmo?…
Meu pequeno, não há nada de errado em sentir! Chore e sorria mas o mais importante: Seja verdadeiro consigo mesmo, aprenda a levantar o mais rápido possível pois todas essas mãos e olhos que você vê agora, se fecharão e nunca mais, nunca mais se abrirão novamente… Seja você mesmo, seja sua revolução.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu tenho vários projetos que estou pondo minha alma neles e não irei contar ainda (agora é a hora dos comerciais em que digo: Vem me seguir para se manter informado(a)). Tudo que posso dizer é que será algo novo, não somente no sentido criativo, será um novo eu, uma nova parte de mim!
Finalizo a entrevista dizendo que tento fazer dos finais, começos! Ontem foi uma parte do quebra-cabeça que completarei hoje e o amanhã? Somente a Deus pertence.