Joseane Franco Teles (Shaira Mana Josy) é rapper, MC e poeta.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Meu começo de dia é muito incerto, moro com meus pais , faço parte de vários coletivos, estou quase sempre muito atarefada.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
As ideias e inspirações são incertas, as vezes quando estou no ônibus, ou depois de ler algum artigo, algumas vezes escrevo para evento com tema pré-determinado, gosto também de escrever durante a madrugada.
Não sigo nenhum ritual, tudo flui naturalmente.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo assim que sinto necessidade, ou quando me vem uma ideia de repente, tem vezes que escrevo tipo, dois ou três dias seguidos, e fico um tempo sem escrever. A meta é quando inicio um trabalho novo e quero ver logo o resultado.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A partir de uma necessidade ou tema que pretendo abordar, desenvolvo o texto da forma como ele me vem na cabeça, depois vou ajustando, refletindo sobre a colocação de cada palavra, pesquiso se está correta.
O começo do texto principalmente quando sigo tema pré-determinado é difícil, é um digita e apaga tudo, ou a metade, paro um pouco depois retomo, as vezes descarto por completo.
Da pesquisa para a escrita extraio a essência e associo ás minhas experiências.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Me sinto como se o tempo de demora fosse uma deficiência pessoal, ou então que não perdi a capacidade de desenvolver a ideia, chego a ficar mal comigo mesma, porém percebo que esse mal estar só atrapalha porque dá vontade de desistir. Não gosto de pressão quando estou criando, mas entendo que em alguns momentos é necessário lidar com o tempo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Várias vezes, inicialmente três vezes, mostro para as pessoas que mais entendem do gênero literário do qual escrevo, e mesmo depois da obra pronta e já circulando leio e faço alterações.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
A relação com a tecnologia é excelente, quando estou fora de casa dependendo do local, registro em áudio celular, as vezes texto escrito no aparelho, a maioria das vezes rascunho, e poucas vezes início no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias vêm da minha vivência, das experiências que acumulo por onde passo, o hábito é ler de tudo, participar de seminários, rodas de conversa, até um bate papo informal com amigos e amigas serve de inspiração.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A forma de escrever mudou após meu ingresso na universidade, o vocabulário aumentou e o destino que dou a produção.
Eu diria: nunca se sinta inferior, não jogue fora suas produções mesmo que seja uma única frase, engavetei muitos textos por achar que não tinham relevância.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O projeto que envolvesse relato de pessoas com deficiência .Não sei se existe porque faz pouco tempo que comecei a pesquisar tipo seis anos, mas acredito que um livro que abordasse sobre mulher no cárcere mas em outro aspecto que não o da infratora.