José Sóter é poeta marginal da Geração Mimeógrafo de Brasília.

Minha rotina é acordar às seis, ir ao banheiro, fazer o café e tomá-lo com um pouco de leite e uma torrada de pão integral, assistindo ao jornal na tv. De segunda a sexta saio pra caminhada de uma hora e sigo pra academia pra praticar alguns treinos musculares, pra “cuidar da vida pois a morte é certa”. Na parte da tarde e da noite cuido de meus compromissos de trabalhos e sociais. Gosto de tomar uma cervejinha no final da tarde pra relaxar. Sempre almoço fora, como moro sozinho, tenho preguiça de arrumar a cozinha e evito sujá-la.
Não encaro o ato de escrever como trabalho, mas sim como uma necessidade que surge de vez em quando. Quando estou caminhando surgem várias ideias e às vezes volto com um poema ou uma marchinha ou uma mincrônica prontinha. Mas, isso pode acontecer quando estou dirigindo, quando estou no boteco ou em alguma atividade pública. O ritual é deixar que a ideia se desenvolva à vontade na minha mente, pois só escrevo quando o texto já está pronto na cabeça. Porém, tenho pedaços de papéis esparramados por todo lugar em minha casa com ideias de textos anotados. É quando estou com a cabeça ocupada com coisas mais prementes.
Não tenho o menor controle sobre o quê e quando escrever. Isso torna instável o processo, pois tem vez que vem uma seguida da outra e às vezes demora a vir. Quando pego algum papelzinho anotado acabo desenvolvendo o tema anotado, pois quando a notei, já coloquei o ritmo pretendido. Mas, posso alterar esse ritmo, se o poema terminado exigir.
Minhas pesquisas linguísticas e de linguagem são no cotidiano: no boteco é sujo, na rodoviária, nas feiras, nas rodas de amigos, nas redes sociais, no rádio, na televisão. Pois a palavra e a expressão podem acontecer em qualquer lugar aonde a poesia está.
Minha única ansiedade é quanto à minha preguiça de escrever textos longos e produzir livros temáticos ou com estruturas acadêmicas. Prefiro o livro baú, e muito dificilmente releio um texto que escrevo e quando releio já não o sinto como meu e muito raramente faço alguma alteração. Todos os textos publicados são como nasceram.
A maioria dos textos eu escrevo nos papeizinhos que tenho esparramados, raramente faço um poema direto no face ou no wattsapp, embora use as duas ferramentas pra testar a recepção dos leitores, publicando textos inéditos.
Quando comecei a fazer poemas, usava muito a linguagem popular e caipira, retratando minhas origens rurais, minha relação com aqueles saberes, fazeres e viveres e como não os sinto mais de minha autoria, não me atrevo a mexer com eles e também não os nego, como a maioria dos escritores famosos. Rsrsrs. Depois passei por cortar palavras ao máximo, buscando a síntese e cheguei até aos aforismos e hai kais. Já experimentei varias formas de poemas e até sonetos e poemas piadas já escrevi. Inclusive, quero lança um livro Chistencialista. Rsrsrs.
Não tenho autor ou livro de preferência. Leio tudo que me chega às mãos e passam pelo meu crivo critico nas primeiras páginas. Tenho apenas o Mario Quintana como referência. Mas ainda quero escrever crônicas e contos a partir de iniciativas abandonadas logo no início.