João Ribeiro é escritor e artista plástico.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho uma rotina, moro num sítio bem afastado da cidade onde tudo parece ser urgente, e é urgente, então passo o dia “apagando incêndios”.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Não tenho um ritual, nem horários, mas tenho o hábito de anotar os versos durante o dia e às vezes, à noite quando surge uma inspiração, tem que ser algo bom para que eu deixe de fazer outras coisas e vá procurar a minha agenda, e dali escrevo um poema. A inspiração vem a qualquer hora, principalmente, quando estou em contato com a natureza.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não, não forço nada tudo vem, naturalmente, algumas vezes são frases soltas e com o tempo vão crescendo. E se adequando a uma ideia.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Começar é fácil o difícil é parar, gosto muito de desenvolver os textos.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Meu maior problema é o provedor de Internet que tenho, já fiquei até dois meses sem sinal. Não sinto essa pressão quanto aos textos, acho que eles passam, antes, por várias etapas até chegar ao papel, depois outra ao ser digitado e outra ao ser publicado. Faço várias revisões.
Quantas vezes você revisar seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Lembro muito, o que Pollock disse: “Quando você sabe que terminou de fazer amor?”
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Não tem nenhuma regra, mas, devido às atividades que tenho, geralmente, passam primeiro pelo papel.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Busco a espiritualidade das coisas, tive a sorte de ler o livro “A vida secreta das plantas”, onde os autoresPeter Tompkins e Christopher Bird demonstram como as plantas são seres sensíveis. Memorizam experiências de prazer e dor, sentem afeto e medo, são capazes de comunicar-se com os homens e estou vivenciando isso na prática. Os animais também são sensíveis, nós é que temos que aprender com eles. O sítio fica bem distante da cidade, tenho ar puro, água de três nascentes sem flúor, e comida omais natural possível, sem veneno, essa convivência com a natureza faz muita diferença. Existe muita energia circulando por aqui, isso fica na gente, resultando em mais amor, paz e harmonia.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Creio que sofreu um processo de amadurecimento, diria para revisar os primeiros escritos, melhorar o português.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Com a ajuda de alguns amigos, criamos o Espaço Cultural Coreto, aqui no sítio, em Minas Gerais, e pelas mãos da Nogue Editora do Escritor Amaury Nogueira – Curitiba – PR saiu à primeira Coletânea (Poesias – 2018) de amigos do Coreto. A ideia é ter a divulgação e encontros de Arte – Exposições, Oficinas, Teatro e Saraus. Em março/2019, realizamos o primeiro Sarau. No entanto, estamos em fase de planejamento para futuras práticas, envolvendo a Arte e suas vertentes.