Janet Zimmermann é escritora.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sim. Eu me levanto às 5:40. Logo depois do café verifico as postagens e as mensagens nas minhas redes sociais e caixas postais, e publico poemas, contos ou aforismos. Depois faço caminhada e ginástica com a minha filha especial, e cuido dela e dos afazeres do lar. Só depois das 16h é que eu me dedico, como Editora Assistente, à Revista Piúna, periódico literário digital trimestral da UBE-MS, bem como aos meus próprios escritos, atualizando arquivos para futuros projetos.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Gosto muito de escrever de manhã, mas como não posso, escrevo à tardinha e/ou à noite, depois de tudo feito. Tenho, sim, um ritual: procuro, antes de escrever, silenciar a minha mente fazendo uma breve meditação. E deixo a inspiração acontecer, sem forçar muito. Às vezes ela não vem quando estou preparada e geralmente ela me visita em momentos inoportunos. Daí, quando possível, anoto o principal em papeletas ou em documentos de aplicativo do celular. O problema é, quando não estou com o celular, encontrar lápis ou caneta para. Até já escrevi um aforismo sobre isso:Escrever é desesperar-se por qualquer toco de lápis.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Antes da pandemia eu tinha meus horários próprios para escrever e elaborar projetos, mas, com o acúmulo de afazeres no lar, tenho adiado meus sonhos. Mas tenho feito malabarismos para poder escrever.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Começa com insights, ou seja, “recebo” inspirações através de imagens relâmpagos. Daí, meu lado criativo, em harmonia com as minhas lembranças, dá luz aos primeiros traços. Depois fica fácil (e prazeroso), porque eu coloco a minha criança para brincar de quebra-cabeça. Ela adora (riso). E quando há necessidade eu pesquiso, sim, mais para certificar as minhas afirmações ou buscar algum termo científico.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu lido bem com isso porque gosto de novos desafios. O novo me atrai muitíssimo. É claro que às vezes fico ansiosa, mas geralmente deixo esse sentimento nocivo se transformar em “tesão literário”, ao qual Leminski se referiu. Daí a minha mente borbulha e depois tudo flui. E isso me realiza.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não, não mostro. Meus escritos são tímidos (riso). Mas eu os reviso umas três vezes: na primeira faço uma revisão grosseira, na segunda substituo termos (se necessário) e na terceira faço a fina revisão seguida de uma autocrítica. Só depois reúno coragem para publicá-los.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Como já disse anteriormente, escrevo com os utensílios que encontro no momento da inspiração, sejam eles lápis, caneta e papel, ou celular e notebook. Adoro tecnologia! Ela veio, mesmo, para facilitar as nossas vidas. Aleluia!
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Creio que elas vêm tanto de fora combinando com a minha ideia, como de mim combinando com a ideia de fora. Em ambos os casos há um encontro ideias (energias intelectuais) que resultam num choque, ou seja, na magia.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O método não mudou. Mudou a rapidez com que eu “formato” os textos na minha memória antes de colocá-los no papel. Inclusive, quanto à poesia, escrevi: A poesia me deu uma nova fórmula de pensamento. Mas eu diria (como já disse) para mim:
Deixa a tua criança criar (poesia),
mas não sejas tão criança!
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Um projeto filosófico. Adoraria, mas falta-me tempo para tanto…
Gostaria de “ler” um livro-de-cristal (quase igual à bola de cristal), onde a gente, lendo, enxergasse imagens criadas pelo nosso cérebro. Mas creio que estamos perto de vivenciarmos isso.