Guilherme Camargo Massaú é professor na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Começo meu dia cuidando de meu filho, quando não tenho a rotina da sala de aula. Considero isso a minha rotina matinal. Por conseguinte, não consigo escrever no período da manhã. Por vezes, acordo por volta das 5h e vou ler.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
O melhor período do dia para eu trabalhar é a tarde. É o momento em que estou só. Não tenho nenhum ritual além de tomar um cafezinho. O período da tarde começa, para mim, logo após as 13h15min.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Procuro escrever todos os dias, quando possível. Em algumas tardes tenho compromissos na universidade ou em outros locais. Isso inviabiliza que eu possa escrever.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Tenho como processo de escrita a análise preliminar de uma ideia. Leio alguns livros, artigos ou reúno dados. Tomo ciência dos aspectos gerais do tema/problema que vou enfrentar. A partir disso começo a escrever os aspectos gerais e/ou incontroversos. Após essa etapa vou me aprofundando no tema/problema. Ao mesmo tempo começo a alterar, acrescentar e/ou reescrever o que inicialmente tinha escrito.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Essa questão é complicada. Contudo, enfrento-a com a tranquilidade de ser uma pessoa que tem como qualidade o esforço e não a genialidade ou a sabedoria. Por conseguinte, é normal que expectativas sejam frustradas, porém me liberto dessas ansiedades.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Procuro revisar uma ou duas vezes, dependendo do prazo de entrega. Procuro, quando tenho a possibilidade, passar por revisões de terceiros.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Não sou um expert em aparelhos com alta tecnologia. Tenho um ótimo computador, porém não consigo utilizar toda a sua capacidade. Dois programas são fundamentais, word e navegador. Já tentei iniciar meus escritos à mão, porém o processo se mostrou lento. Por isso, resolvi escrever direto no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas ideias vêm de leituras, geralmente críticas. Leio com olhos críticos. Procuro encontrar incoerências ou lacunas nos textos que leio.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Sim, mudei meu processo. Ele era mais direto, ou seja, lia e escrevia. Agora leio, escrevo e reescrevo. Procuro aprofundar ideias, e não mais jogá-las. Essa seria a mudança na escrita da tese. Poderia, com a bibliografia que tive acesso, ir no âmago do tema com maior propriedade.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho diversos projetos iniciados, mas o tempo e a minha capacidade não me permitem levar à cabo com maior rapidez. Por isso, o projeto que eu gostaria de fazer, mas ainda não comecei é aquele que eu ainda não pensei. Não tem livro que eu gostaria de ler e que não existe.