Francielle Costacurta é escritora.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Procuro começar o dia no dia anterior. Escrevo no bloco de notas do celular ou da agenda as metas diárias ou objetivos. A respeito da minha rotina intelectual procuro me alimentar de noticias que me chamem a atenção independente de sua fonte seja redes sociais, televisão ou alguma revista velha mesmo. Particularmente gosto da manhã. O cérebro esta vazio e receptivo de novas informações e criações. Ao longo do dia passamos a estar contaminados com demais demandas e ansiedades.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
As sete da manhã ou seis da tarde. De manhã a circunstancia é como uma pureza planetária: os sons o ar e o clima estão leves como se tivessem renascidos. Não há sons de carro, não há cheiros específicos e o clima parece que mantem o conforto da cama e os acontecimentos dos sonhos formam um mundo a parte refrescada na memória. E a tarde às dezoito horas o clima se estabiliza, esfria um pouco a luminosidade do sol se reduz e o lado emocional também diminui o seu ritmo. Gosto desses horários entre eu e os livros o café e o pão quentinho com cream chease.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
O trabalho da escrita não começa no papel ou inclinando se na frente do computador. Eu que trabalho com literatura o processo se da no mundo da fantasia do ideal de como seria e outra técnica de que gosto e a descrição e comparação. O processo de pesquisa historiográfica e finalmente o planejamento e elaboração de texto. Geralmente então é concentrado. Pois o ato da pesquisa escrita exige um tempo especifico, uma concentração que faz com que nos distanciamos /sacrificamos o mundo material por um tempo. Em relação a minha meta depende das parcerias entre prazos, objetivos e revisões. Se estiver bem equilibrada no lado físico, emocional e financeiro o trabalho é cumprido antes das metas estipuladas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A escrita não é um processo contábil ele exige sempre novas metodologias tal como o trabalho de um professor. Posso afirmar que os meus textos são o reflexo de anos de amadurecimento. São cursos e são leituras acumulados formando um estilo meu. O que pode me bloquear no processo de escrita criativa assim como para muitos escreventes é a falsa crença de que no que eu acredito não é importante. Obter autoestima e motivação é de suma importância é o gás para se concretizar o processo de pesquisa, organização das informações tornando o conteúdo uma realidade isso eu chamo de processo criativo e literário.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Desenvolver um texto com começo, meio e finalidade rumo à imortalidade da própria alma é lindo de se pensar. Mas para tanto meu cérebro, minha vista e meu coração são compostos por nervos e musculaturas e merecem um suporte físico, social, afetivo e energético. Já tive apoio de amizades que fizeram o papel de auxiliares, pois às vezes é necessário ouvir propostas e revisões analíticas, escutar elogios e estar juntos em eventos. Juntamente com pessoas munidas dos mesmos interesses de escrita e exposição de informações tal como o coletivo Marianas de escritoras, com a sua plataforma digital e de mobilização de livros e encontros.
Agora em relação ao medo, procrastinação que chega a revelar sintomas de crises psíquicas. Recomendo muito o tratamento holístico de barra de acess, reiki, acupuntura, auricultura e massagens. São tratamentos focados no equilíbrio, dialogo a caminho sempre da plenitude pessoal. Isso é parte da nossa higiene mental . Se estivermos assustados com as nossas tensões como vamos produzir? E não há como fugir tudo acontece de dentro para fora.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Leio umas duas vezes. A sensação que tenho é de que ate chegar à tela do computador o texto já latejou muito tempo entre o coração e o cérebro. No começo dos meus textos a minha mãe era o meu guru, depois professores e amizades de interesse. Mas hoje já tenho o meu estilo independente.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo em agendas, cadernos, celular, computador se a inspiração bater ate em guardanapos de lanchonete escrevo. Mas a minha principal maquina é meu cérebro que fica imaginando o tempo todo.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Sou sensível então eu mesma já sou uma modelo de referencia literária. Já homenageei amizades e parentes que se fizeram importantes em minha vida. E acontecimentos que me impressionaram ate perder o sono. Particularmente gosto de oferecer amor ou um mundo melhor às pessoas. Essas ideias que fazem a minha criatividade ser seduzida.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Filosoficamente mudamos o tempo todo. Hoje não dependo tanto de obedecer a uma referencia institucional ou alguém em especial. Acredito que os “eles” rimados fazem parte de estarmos preparados para lidar com o papel sendo eles: Espiritualidade, sociabilidade e amabilidade. Essa é uma fortaleza intelectual. Talvez por isso meu nome termine com ele também Francielle.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gosto de aventuras, crianças e a cultura que nos reserva um universo riquíssimo entre linguagens simbólicas, figurativas estas na oralidade africana. Uma vez entrevistei um estudante de intercambio nigeriano de etnia youruba. Ele contou as historias de fabulas que seu pai entretia as crianças. Foi lindo de se ver e gostaria de fazer um grande apanhado. Aproveitar a intelectualidade desses imigrantes africanos, pensando na sua valorização sempre.