Evandro Aranha é poeta e professor, autor de “A Poesia Morreu” (2021).

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Como eu tenho outro trabalho, minha rotina de escrita é “enfiada” em horários livres como almoço, lanche ou viagens de ônibus. Ando sempre com caderno ou anoto no celular mesmo pra não perder nenhuma ideia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sempre da noite para madrugada, gosto do silêncio, sinto que a cidade dorme para eu acordar e sempre pego um café, uma música boa e começo a escrever. Mas o curioso é que ás vezes, fora da pandemia, claro, gosto de ir em praças de alimentação de shoppings e lugares cheios, o barulho às vezes me ajuda também.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Todo dia eu me obrigo a escrever pelo menos uma linha. Às vezes fica só na linha mesmo, mas em muitas vezes, evolui para poemas e contos inteiros. Disciplina e transpiração ajuda muito no sucesso da escrita.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Às vezes eu começo pelo título, muitas vezes pelo final ou pelo meio e a partir do ponto de início, tudo flui. Tento não descartar nada, se um verso não cabe no poema em questão, salvo um arquivo com esse verso que talvez eu possa utilizar mais tarde.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Trabalhar com poesia é realmente bem tranquilo para mim, só tenho receio de ser repetitivo. Já trabalhar com contos é uma experiência nova então estou estudando muito e escrevendo e reescrevendo bastante.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Muitas vezes, abandono eles um pouco, deixo de lado, depois leio de novo pra ver se gosto dele ainda. Costumo pedir a pessoas mais próximas para lerem um texto novo e opinar o que acharam. Minha irmã Ariane é a revisora dos meus livros, então mando pra ela também, verificar os erros e fazer a crítica.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo no computador direto, no papel somente se prefiro estar em um lugar mais confortável aí pego um caderno e escrevo. Como posto os poemas em redes sociais, escrever direto no computador auxiliar muito o processo.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Sim, gosto de ler bastante, ouvir muita música, podcats, vídeos, gosto muito de caminhar pela cidade, o tema urbano é muito presente em meus textos. Tarefas domésticas ajudam muito nesse processo, lavar louça é a maior fábrica de ideias que tenho rs
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu tive um choque muito grande ao ler Uivo de Allen Ginsberg e aquilo foi um divisor de águas na minha vida, depois daquele momento tudo foi modificado em relação a pensamento poético. Fiquei mais livre para experimentar formatos e tipos de poemas que antes eu não via possibilidade de fazer.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Meu próximo projeto será o livro de contos, me aventurar além dos poemas será desafiador. Já tenho cerca de 10 contos escritos e estou trabalhando em mais 2, talvez em 2022 eu lance esse livro. Como poesia é minha vida, nunca deixarei de escrever poemas mas talvez com menor intensidade e frequência. Um projeto que gostaria de fazer é um livro misturando prosa e poesia contando uma história intercalando prosa e poesia seria incrível.