Érica Sacchi Zanotti é escritora, pintora e instrutora de yoga.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Acordo às 5:30 e começo o dia com um grande bocejo e uma boa espreguiçada (haha). Agradeço o estar viva, faço acordos com as minhas deusas, faço um exercício respiratório logo, medito por 20 minutos em média e só então saio da cama pra tomar um chazinho e começar o dia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Escrever, pra mim, não é trabalho, é terapia, momento delicinha. Escrevo a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar que a inspiração vier. Já escrevi em avião, sentada na praia, deitada na cama antes de dormir, jogada no chão da varanda, etc.
Para o trabalho – aquele que é obrigação – eu rendo mais entre 7 da manhã e meio dia.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo um pouco todos os dias, as vezes coisas inúteis, só pra tira-las da minha cabeça, outros coisas produtivas, mas todo dia tem alguma escrita. Não tenho meta.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Tendo a não fazer pesquisa, a não ser que vá escrever um paper ou algo científico, mas para poemas e o rascunho do livro que está no forno não tem pesquisa. Deixo a minha mente bem livre e solta pra inventar, criar, pensar no que quiser e permito que tudo o que vem me inspire, mesmo que eu termine não usando tudo depois.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Como escrever é prazer pra mim, não tendo a procrastinar, também não tenho muito medo de corresponder às expectativas, tenho bem claro na minha vida que nunca será possível agradar “gregos e troianos”. Escrevo para satisfazer um desejo meu e, se for gostoso para alguém, fico muito feliz com isso, mas também entendo se não for.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Tendo a fazer uma revisão na hora de publicar, faço alguns ajustes e então publico. Não reviso muitas vezes não. E nem mostro pra outras pessoas, com raras exceções.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Quase todos à mão. Usar a mão pra escrever faz parte do meu processo de tirar as ideias da cabeça e colocar no papel – literalmente. Para textos maiores ou o livro que está sendo rascunhado tenho usado o computador diretamente, pela facilidade, mas me inspira muito menos.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
O meditar diariamente definitivamente me faz mais criativa, mas também percebo que quando tenho menos atividades, mais tempo pra “fazer nada”, quando estou mais próxima da natureza, com o pé no chão, a cabeça na água, o olhar pro céu ou quando leio certos livros, minha inspiração aumenta.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu sempre escrevi coisas soltas, mas assim, ordenado, com sentimento, em forma de poema só nos últimos dois anos. Se eu pudesse voltar no tempo diria pra minha menina perder menos tempo e começar a escrever antes (tenho 38 anos).
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O meu projeto de ir viver no mato, acordar com o cantar dos pássaros diariamente. De certa forma já comecei a olhar coisas, desenhar, sonhar com as possibilidades, mas ainda falta muito pra acontecer. Adoraria ler o livro da minha vida, mas ele realmente não existe e não tenho intenção de escrever (haha).