Eduardo A. A. Almeida é escritor e pesquisador de poéticas contemporâneas, doutor em Estética e História da Arte e autor de Por que a Lua brilha (2017) e Testemunho Ocular (2018).

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Quem me desperta é minha filha de 8 meses, quase sempre entre 6h e 6h30. Às vezes mais cedo. A essa hora, minha esposa já saiu para trabalhar. Lavo a louça da noite anterior, troco fralda, dou mamadeira e tomo café com a nenê no colo, tentando fazendo com que ela pare de puxar a toalha da mesa e jogar tudo no chão. Brincamos até às 9h, quando a deixo no berçário. Só então a escrita tem início.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sempre escrevi melhor de manhã, quando a mente ainda está fresca. É meu período criativo favorito. Também gosto de ler e estudar nesse horário. Sinto que, depois do almoço, a cabeça vai dormir e deixa o restante corpo a fazer trabalhos mais mecânicos como pagar contas, responder emails, revisar textos. À noite estou exausto, raras vezes consigo botar uma boa frase em pé.
Não tenho um ritual propriamente dito, mas gosto de abrir espaço na mesa de trabalho, que quase sempre está atulhada de livros e anotações, esqueço o celular em algum canto da casa e tento não ligar o computador. Gosto de silêncio e caneta-tinteiro. São poucas as ocasiões em que consigo realizar isso tudo porque sempre existe alguma tarefa banal a convocar minha atenção e a abalar o mundinho ideal. Mesmo longe o telefone toca. Chega um email urgente. Tenho que resolver qualquer coisa na rua. Além disso, estão subindo um prédio atrás do outro em meu bairro, e já são anos que passo as manhãs a ouvir serras elétricas, martelos, bate-estacas, entre outros prenúncios do caos.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo quando é possível e quase sempre incentivado pelo prazo que se esgota. São os prazos que ditam as prioridades. Preciso entregar a coluna do jornal, depois tenho que ler o livro para resenhar, não posso esquecer de revisar o artigo acadêmico, e então, ou antes, ou assim que possível, preciso desenvolver os itens deste e daquele projeto, preparar a aula, enxugar a palestra, enviar o orçamento.
A literatura sobrevive em meio a isso tudo porque é mais forte, atravessa as ordenações, me arranca da cadeira ou da cama, nas madrugadas, e me obriga a desenhar palavras no papel. Minha meta diária é terminar alguma coisa, seja o que for, contanto que termine e abra espaço para algo mais. Não é comum eu escrever à toa. Mas quando tenho um projeto na cabeça, ele volta e meia me requer, sugere ideias, atira a agenda longe para ocupar o tempo possível e, com sorte, o impossível também.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Costumo acumular ideias, interesses, imagens. Então sento e escrevo de uma só vez. Acontece de nascer um texto que escapou de todas as anotações, como se tivesse se contorcido por entre elas. Outras vezes o texto é uma costura de notas que, a princípio, não tinham nada em comum. Às vezes a pesquisa leva anos, outras vezes o texto aparece sem qualquer pesquisa que esteja diretamente relacionada com ele. Mas é claro que toda obra se realiza a partir dos materiais reunidos ao longo da vida, tivessem ou não um propósito específico. Isso varia conforme o tipo de texto. Ensaios costumam exigir muitas notas, leituras, diálogos. Textos ficcionais, por outro lado, saem à revelia do planejamento. Não é difícil escrever; difícil é arranjar as condições para que a escrita seja possível.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
A escrita só destrava quando escrevo. Antes de começar, o texto parece impossível. Entretanto uma palavra solicita outra, um sentido sugere outro, e assim o processo anda. Às vezes desanda e o texto nasce torto, requer muita plástica ou a lixeira, a depender de quão grave é seu estado. Não costumo forçar demais a barra. Se um texto não quer nascer, gesto um pouco mais, escrevo outro para compensar. Quando vier, será saudável.
As expectativas, por sua vez, podem ser minhas ou dos outros. Dou atenção às expectativas em textos de não ficção, cuja ideia a ser transmitida deve ser mais precisa. No caso de textos artísticos, a expectativa é tanto uma ilusão quanto uma violência. Ilusão porque não se pode prever a reação do leitor. Violência porque, quando se acredita em tal previsão, o escritor está determinando um perfil, um público-alvo, um preconceito. O leitor não deve ser reduzido nem menosprezado assim. Textos que preveem seus receptores são publicitários.
Um projeto precisa se manter vivo durante sua realização, tenha uma página ou cinco mil. Sua longevidade não tem a ver com longitude. Se o projeto estiver vivo, consigo trabalhar nele quanto tempo for preciso. Se morreu, escrever uma só linha será doloroso e, no fim das contas, uma falácia. O melhor teste de vitalidade ainda é a gaveta: pego o texto inconcluso e o guardo. Se volta e meia a gaveta se mexer, gritar, liberar algum feromônio, é meu dever retomá-lo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Uma coluna de jornal, por exemplo, é reescrita por volta de três vezes antes de ser publicada. Adoro mostrar rascunhos ou ao menos contar a ideia a alguém para saber sua opinião, embora nem sempre seja possível por razões variadas.
Textos acadêmicos são reescritos algumas vezes também, mas nunca estão de fato finalizados porque as ideias vão se transformando, novas associações são tecidas, novas leituras levam a diferentes concepções etc.
Contos, romances, poesias são reescritos muitas vezes, lidos por amigos, compartilhados aos pedaços. Meu livro Testemunho Ocular foi lido por uma dezena de cúmplices antes de ser publicado, em especial os escritores do coletivo Discórdia, do qual faço parte. Eles comentaram os textos, sugeriram mudanças, compartilharam impressões de leitura. Alguns contos do livro vinham sendo reescritos há anos, outros eram recentes.
Meu primeiro romance, que deve ser publicado em 2019, teve sua versão inicial escrita dez anos atrás, e desde então foi reescrito uma porção de vezes. Já foi lido por vários amigos, algumas versões foram inclusive premiadas, mas só agora estou prosseguindo com a publicação.
A vontade de publicar logo e me livrar do texto é imensa. Ainda bem que outras tarefas me ajudam a controlá-la. Enquanto isso o livro fica se rebelando dentro da gaveta.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Sempre gostei de escrever as primeiras versões à mão e só depois digitá-las. O manuscrito é mais lento, e esse tempo colabora com o pensamento. Sem contar que é muito mais fácil desenhar setas no papel, rabiscar, tracejar etc. É uma artesania que depois ganha outros contornos quando passa ao computador. Essa fase seguinte privilegia o ritmo, a técnica, a revisão.
Neste ano de 2018 estou integrando o Núcleo de Dramaturgia do SESI – British Council. Entrei ali com a proposta de experimentar modos diferentes de fazer. Tenho escrito as peças diretamente no computador. É um processo estranho, com prós e contras que ainda estou avaliando. Tem sido uma boa oportunidade para tentar e errar.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
As ideias vêm do mundo. Elas ganham forma escrita e recaem no mundo. É ingenuidade pensar que têm origem na “profundidade do ser”, no “interior obscuro”, nesses lugares de teor expressionista. O mundo nos atravessa e, com sorte, conseguimos sustentar uma ideia ou outra, quase como uma peneira a sustentar uma pedra maior, que não poderia atravessá-la sem provocar um rombo.
Os hábitos que cultivo são todos relacionados a manter essa abertura possível na relação com o outro. Leio sobre assuntos variados, interesso-me pelas demais artes, prefiro caminhar entre as pessoas a dirigir minha bolha espacial. Gosto de ouvir histórias.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Com muito esforço fui desconstruindo algumas idealizações e apurando o senso crítico em relação às criações. Aprendi técnicas de escrever, revisar e apreciar. Mas principalmente quis conhecer melhor as potências estéticas e políticas das artes, suas relações com as pessoas, as organizações sociais, os regimes de ver, pensar e dizer. Ainda há tanto para aprender!
Se pudesse voltar àqueles escritos antigos, eu diria para não deixarem a satisfação durar tempo demais. É vital que um texto satisfaça seu autor porque ninguém consegue sobreviver em constante frustração. Mas a satisfação precisa ruir para assinalar um movimento. Não se trata de evolução, mas de pulsação; não se trata de fazer melhor numa escala qualitativa trazida de fora, mas de fazer de um jeito que renove o próprio fôlego, os pensamentos, os interesses. Se um texto antigo ainda me satisfaz, alguma coisa em mim não saiu do lugar desde que o escrevi, e isso é perigoso.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Difícil identificar quais projetos ainda quero fazer, mas de alguma maneira eles já foram iniciados. A pesquisa e a criação precedem o projeto, que vem apenas dar forma a elas.
Nos próximos anos pretendo lançar um estudo sobre a Estruturação do Self, trabalho derradeiro da artista Lygia Clark, que comecei a pesquisar durante o mestrado. É uma proposta instigante que inventou um lugar entre a arte e a clínica, e que infelizmente é pouco conhecida. Passados vários anos das minhas primeiras investigações, sua obra ainda pulsa.
Eu gostaria de ler um livro que provocasse em mim um corte radical, como os cortes que Lucio Fontana fazia em suas telas. Será que ainda não existe? Deve estar por aí, eu é que preciso encontrá-lo.

Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
Normalmente o projeto se forma a partir do que estou escrevendo, não é premeditado. Experimento formatos sem grandes pretensões, anoto ideias, escrevo alguns parágrafos. Um dia olho para aquele amontoado de coisas e percebo uma linha condutora, um interesse em comum, talvez. Foi o caso do Testemunho ocular, livro publicado em 2018 pela Lamparina Luminosa: eu tinha alguns contos e percebi que havia em todos eles uma inquietação de natureza similar. Comecei a retomar textos antigos, engavetados, e aquela inquietação também aparecia neles de uma maneira ou de outra sem que eu tivesse me dado conta disso até então. O conceito do livro surgiu daí. Para dar a forma que pretendia, acabei por editar alguns textos, escrever outros e criar um projeto editorial. Não gosto de pensar em meus livros como meras coletâneas; é preciso haver uma amarração, um conceito, um ponto central que possibilite outras camadas interpretativas.
O caso do Diante dos meus olhos, publicado no fim de 2019 pela Reformatório, não foi muito diferente. Comecei por tomar notas de um sonho, ainda de madrugada, porque eu não podia voltar a dormir e correr o risco de esquecê-lo. Na manhã seguinte, ainda sem saber bem a razão, percebi que a ideia tinha um potencial a ser explorado. Escrevi um pouco mais, o texto foi criando corpo, passou de uma cena curta a um conto longo. E não parava, era incontrolável. Segui nesse ritmo por bastante tempo, até ter em mãos um pequeno romance. Ele foi publicado dez anos depois do primeiro esboço.
Em meio a esses processos mais “espontâneos”, por assim dizer, o difícil não escrever a primeira nem a última frase, mas identificá-las para que, entre elas, exista um projeto literário.
Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Eu não diria que prefiro assim, mas vários projetos acontecem ao mesmo tempo, é uma maluquice. Tenho trabalhado em tempo integral num escritório, escrevendo textos para outras pessoas e empresas. Também atuo como revisor e preparador de textos. Minhas criações pessoais muitas vezes são resolvidas na hora do almoço, no metrô, nos minutos em que minha filha dorme e eu consigo permanecer acordado, nas brechas dos finais de semana, entre os compromissos familiares e os afazeres de casa. Tenho escrito pouca literatura de ficção. Inclusive porque uma série de outras tarefas me convocam a todo instante, requisitando prioridade: as atividades do coletivo Discórdia (encontros, feiras, rodas de leitura e debate, cursos etc.) e do GEPPS – Grupo de Experimentações Poéticas e Políticas do Sensível, minha coluna no jornal Correio Popular, aulas, oficinas, pareceres, palestras, compromissos da academia (ainda tenho para resolver várias reminiscências do doutorado, que defendi em 2018). A literatura de ficção vai forçando espaço em meio a esse entulho todo, é uma sobrevivente. Fico muito agradecido por ela não desistir de mim. Mas, para ser mais concreto, organizo minha semana anotando as tarefas e compromissos numa agendinha de bolso, de papel mesmo. A meta é chegar até a página seguinte, de preferência ileso.
O que motiva você como escritor? Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita?
Não é que eu tenha de uma hora para outra decidido me dedicar à escrita, quer dizer, isso jamais ocorreu de forma tão dramática. Mas eu me lembro da primeira vez em que me assumi escritor, e nem faz tanto tempo assim. Foi há uns cinco ou seis anos, durante um curso sobre práticas artísticas comunitárias no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, em São Paulo. Eu deveria me apresentar para a turma e disse: meu nome é Eduardo, sou escritor. Uma amiga estava junto e, quando a aula terminou, veio falar comigo. Escritor é? Que vitória! Eu ainda gaguejava um tanto. Escrevia profissionalmente há mais ou menos quinze anos, mas até então me intitulava publicitário, redator, pesquisador. Nessa ocasião, eu tinha deixado a publicidade de lado, precisava assumir um “eu” que de fato me desse orgulho. Ainda assim demorei para dizer “escritor” em bom tom. Houve um dia, eu estava num cartório fazendo sabe-se lá o que, e o atendente preenchia um formulário. Ele perguntou: profissão? E eu disse. Ele tirou os olhos do papel e quis saber: é sério? Balancei a cabeça, afirmando que sim. Esse sujeito virou para os colegas e falou bem alto: gente, tem um escritor aqui! Foi bizarro, ninguém deu a mínima, mas o atendente estava animado. Imagino que tivesse os escritores em boa conta. Talvez seja esse o tipo de coisa que me motiva: produzir algum estranhamento no banal. Como dizia Michel Foucault, os textos são formas de inscrição no mundo. São meios de existência. Escrevo por muitos motivos, alguns ainda indiscerníveis, mas com certeza uma motivação é produzir essa inscrição que inquieta, que abre uma fenda na normalidade e chama atenção para algo que sempre esteve ali, mas nunca foi olhado por aquele ângulo. Escritores me motivam, artistas visuais, o teatro, filósofos, entre vários outros agentes do conhecimento que me provocam a pensar diferente, profanar verdades, manter a curiosidade viva.
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros?
Não me sinto muito à vontade com a ideia de ter um estilo próprio. Tenho, sim, interesses que vão se destacando pela recorrência. O maior deles talvez seja a questão da visualidade, já que o mundo que existe para cada um de nós quase sempre se resume naquilo que vemos, que se põe diante dos nossos olhos. E ele é tão ficcional quanto qualquer outro: são convenções, contextos culturais, perspectivas sociopolíticas etc. que produzem entendimentos sobre o mundo, no limite, inventados. A realidade é simplesmente imaginada. Daí eu acreditar que algumas imagens inusitadas, operando num sentido de deseducação do olhar, têm força estética e política capaz de produzir deslocamentos e sugerir outros pontos de vista. São capazes de dar a ver o que sempre esteve ali e até então não podíamos encarar. Isso não é um estilo propriamente dito. Na realidade, isso só acontece por meio de muitos atravessamentos, diferenciações, vertigens. Alguns escritores me ajudaram a trilhar esse caminho, sem dúvida. Mais do eles, foram livros específicos que me marcaram. O som e a fúria, de William Faulkner. O estrangeiro, de Albert Camus. A espuma dos dias, de Boris Vian. Bestiário, As armas secretas e Histórias de cronópios e de famas, do Cortázar. As cidades invisíveis, do Calvino. Na colônia penal, de Franz Kafka. Os contos de Murilo Rubião. Para fugir dos clássicos, cito ainda Pássaros na boca, de Samanta Schweblin. Um útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas. Li há pouco o Sobre os ossos dos mortos, de Olga Tokarczuk, recém-Nobel de Literatura, e de fato é incrível, eu gostaria de escrever um pouco como ela, com toda aquela empatia, profundidade psicológica e riqueza de detalhes. E não foram apenas esses autores e livros, claro. Além de outros ficcionistas há todos aqueles da filosofia, das artes, da estética. Eu poderia continuar por muitas linhas.
Você poderia recomendar três livros aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles?
As cidades invisíveis, de Italo Calvino, é um dos livros mais lindos que já li. Existe nele tanta poesia que transborda em aspectos sociais, políticos, afetivos. É daquelas leituras imprescindíveis. Sempre que o retomo é com um prazer singular, como se lesse um texto sagrado, capaz de falar por meio de simbologias com qualquer pessoa em qualquer lugar e em qualquer época.
O som e a fúria, de William Faulkner, foi um livro que me exigiu um grande esforço, e assim conquistou um lugar muito especial em minha bibliografia. Ele tem inúmeras camadas, preciosidades, lições de literatura. Mas o destaque fica com a capacidade de o autor “outrar-se”, como costumo dizer na tentativa de explicar essa maneira como ele escreve numa espécie de devir outro (retardado, pobre, mulher, negro etc.). É sem dúvida uma obra de mestre.
Fiquei tentado a recomendar outro daqueles clássicos que citei na resposta anterior, mas acho importante lermos contemporâneos nossos que apresentam problemáticas urgentes. Nesse quesito, todos precisamos ler os poemas de Um útero é do tamanho de um punho, da Angélica Freitas, que usa um humor perspicaz para criar versos arrebatadores sobre feminilidade, condição da mulher, intolerância, entre vários outras questões. Seu livro é uma lindeza, impossível parar de ler e de, com ele, repensar toda essa realidade que construímos.