Deborah Happ é escritora e roteirista, autora do blog felimpropano.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu começo o dia acordando, geralmente em cima da hora, e saindo apressada para o trabalho. No momento sou CLT (graças a Deus), então a maioria do meu dia é centrada nisso.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu costumava trabalhar melhor de noite, quando está silencioso e estou livre de distrações. Também acho mais fácil escrever depois de ter feito muitas coisas, parece que a cabeça funciona melhor. Mas não tenho um ritual de preparação. Talvez ligar o computador, pegar um café, um chá ou uma água, ver meus e-mails, o Twitter e o Instagram, brincar com o gato e só depois começar a escrever.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu trabalho com escrita, então escrevo todos os dias. Mas ficção, escrevo em períodos concentrados, quando tenho alguma ideia ou quando me obrigo (a escrever newsletter ou artigos pessoais, principalmente). Atualmente não tenho uma meta de escrita diária, só uns prazos que pretendo cumprir.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Se eu preciso pesquisar demais, eu não vou escrever. Geralmente eu começo com uma imagem ou uma ideia e vou criando aquilo na minha cabeça até eu me sentir confortável com os personagens e com o enredo. Esse período pode ser de uma semana há vários anos, depende da história. Quando é um conto mais curto, tenho a ideia, sento e escrevo. A história vai saindo enquanto eu estou no teclado ou com o lápis na mão.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não lido muito bem, na verdade. Se estou procrastinando demais, sei que não quero contar aquela história. Já com projetos longos, preciso estabelecer prazos e pedir ajuda para amigos me manterem estimulada, senão não dá certo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso muito pouco. Eu até acho que deveria esperar mais antes de sair publicando tudo que escrevo no blog. Tenho tentado ser mais profissional ultimamente e pedir opinião para gente em que confio com trabalhos mais sérios.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu adoro tecnologia. Uso muito a internet para divulgar meu trabalho, conversar com outros autores. Na verdade, eu comecei a escrever por causa da internet, lendo blogs e fanfics. Porém, acho a tela branca do computador (e mesmo do celular) muito opressora e prefiro fazer os primeiros rascunhos à mão.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Geralmente minhas ideias vêm de sonhos, conversas ou coisas cotidianas. É impressionante os lugares pra onde nossa mente vai enquanto lavamos louça. Para me manter criativa eu tento sempre fazer coisas novas e diferentes, como visitar lugares novos, ir a exposições, ver filmes e, principalmente, ler livros bem escritos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acho que sou mais experimental hoje. Quando era mais nova, me prendia muito a moldes, colocava caixinhas em cada coisa. Isso é um conto de fadas ao avesso, ou isso é uma história de vampiros. Hoje já nem sei direito o que eu estou fazendo.
Eu diria pra Deborinha de 20 anos fazer só o que ela gosta e parar de tentar se adequar ao que as outras pessoas pensam e a se divertir mais com o que ela está escrevendo.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
No momento, eu só quero terminar o livro na qual estou trabalhando agora. Acho que não vou conseguir escrever nem um haikai antes dele sair.