Darlan Veit é escritor.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sim. Acordo às 6:15 e costumo ser implacável com o recurso “soneca” do celular. Energizado por muita cafeína, às 7:15 já estou trabalhando. Exercício ao meio-dia. Almoço. Pelo menos mais três horas de trabalho à tarde.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor pela manhã. Minha preparação para a escrita consiste em muita leitura, reflexão, imaginação e registro em planilhas de planejamento (faço escaletas que incluem, além do tradicional resumo de cada capítulo, itens como: data, local, personagens, arco de coerência…). Sempre achei que não existe essa coisa de “bloqueio de escritor”. “Bloqueio de escritor” resulta da escrita sem planejamento. É tentar redigir o micro da história antes de projetar o macro.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo diariamente e estabeleço metas. As metas oscilam entre 1000 e 2000 palavras por dia; conforme a fase, conforme a necessidade de pesquisa… Detalhe, caso eu não atinja as metas, pago dívidas nos finais de semana. Normalmente, acabo apenas lendo aos sábados e domingos.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Esse processo de escrita decorre de organização e disciplina, ambas atreladas às perguntas 1, 2 e 3. Como escritor de ficção histórica e realismo mágico, escolho temas pelos quais tenho muita curiosidade. É esse desejo de saber mais, de dizer algo novo sobre o assunto, que torna as coisas fáceis. Boto a bunda na cadeira com ou sem vontade, minha inspiração responde bem aos trancos. Passo a escrever quando minha planilha de planejamento tem, pelo menos, 30% dos capítulos definidos.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Evito travas de escrita com planejamento. Estabeleço sanções ao não cumprimento das metas, ou seja, procrastinação é crime passível de pena. Evito criar quaisquer expectativas de vendas, mas valorizo todos os feedbacks de leitores. Trabalho em projetos longos motivado pelo interesse no tema. Se alguém não gosta de futebol, será um martírio escrever por meses com este assunto constituindo o ambiente do protagonista.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso pelo menos 3 vezes. Mais do que um editor, valorizo a opinião dos leitores beta. Editores ajudam um texto a se tornar mais vendável, não necessariamente melhor. Leitores beta, no entanto, tendem a ficar mais focados na história em si, e não no mercado.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
À mão, faço alguns esquemas e linhas do tempo. Confio na tecnologia dos back ups, escrevo mesmo no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas ideias surgem de um desconhecido além de mim mesmo. Exercício físico, boas noites de sono e várias doses de café alavancam criatividade.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Ainda estou nos primeiros anos. Respondo essa em 2030, pode ser? rsrsrs
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Escrevo exatamente os livros que gostaria de ler, mas não existem. Adoraria terminar uma série de livros com vários descendentes de uma mesma família descortinando toda a história do Brasil.