Cynthia Panca é poeta.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Uma página em branco, seguindo alguns rituais diurnos para escrever a nova página da vida com leveza, fluidez e amor…gratidão nas palavras, meditação…conexão com as plantas e elementos da natureza, caminhada a beira mar com direito a mergulho e contemplação do horizonte, como prefácio. Na sequência, banho, café da manhã e bôra cumprir a agenda de compromissos do dia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Ultimamente, gosto tanto do que faço que praticamente trabalho das 10h às 21h, lógico que com pausas para almoço, café, conversas, uma espiadela na janela para ver o mar, o pôr do sol. Há dias que mal abro os olhos e preciso escrever… então passo a mão no celular e registro em áudio, depois transcrevo, isso também costuma acontecer durante as caminhadas e banho… então, muitas vezes o gravador me salva. Rsrsrs. O ritual é ter uma vida fluida…na maioria das vezes escrevo no caderno com direito a rabiscos, setinhas e só depois vai para o computador e ou celular… arquivo muitos textos pelo celular em nuvens. Uma prática adquirida em Portugal, depois de trabalhar 05 meses, apenas pelo celular, sem computador. Particularmente, gosto de escrever recostada na cabeceira da cama, raramente digito diretamente no computador. Gosto dos rabiscos, setinhas que o manuscrito permite.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo um pouco todos os dias, mesmo que seja um Haicai, um pensamento… Escrevo em períodos concentrados quando é algo para integrar um Projeto com prazo a ser cumprido ou um tema específico. A meta diária é ativar a criatividade e algumas vezes a poesia vem através da colaem de imagens de revistas…adoro!
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Percebo que compilo reflexões, ideias e as transformo em poesia, contos…agora, assuntos mais abrangentes começo transformando em resenhas. As poesias do Sarau Poético Flores em Nós, premiado pela Lei Aldir Blanc começaram com a pesquisa sobre jardins sagrados, o significado dos jardins na Biblia, o simbolistmo das flores, mandalas, chakras…mas um livro infantil que escrevi recentemente, ainda não lançado e divulgado, nasceu a partir do nome de duas marcas de produtos utilizadas na cozinha…depois veio a pesquisa sobre o arquétipo das persnagens, a simbologia…do que estava ali escrito intuitivamente…processo inverso porém conexo. Percebo que a mente tem necessidade de procurar sentidos…mas o coração apenas expressa.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Hoje lido bem melhor do que antes, a meditação promove uma expansão da consciência que permite observar e trabalhar essas questões de dentro para fora, aliada ao autoconhecimento. Ler outros poetas, escritores, participar de coletivos, conhecer a poesia de outras culturas e países, trazem à consciência que não há certo nem errado e há leitores para todos os gostos…medos são para serem enfrentados, tal como Dom Quixote de Miguel de Cervantes luta com os moinhos de vento.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Confesso que não gosto de revisar meus textos, muitos deles disponibilizo no formato original, como são e estão naquele momento, entretanto, algumas vezes, já em em outro momento, ocorre que ao lê-lo em voz alta numa gravação de vídeo, sarau permito alterações com total sentir e liberdade poética…acredito que algumas palavras foram feitas para flutuar, ligar-se a outras ou simplesmente irem e virem, dando oportunidade à outras palavras. Raramente mostro meus trabalhos ao revisor e mais ninguém, antes de publicá-los.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Atualmente, venho estreitando minha relação com a tecnologia no processo de escrita, porque gosto mesmo, ainda, de escrever os primeiros rascunhos no papel à mão…o que não impede o uso da tecnologia na ausência do papel e da caneta…o gravador de voz, a câmera e o bloco de notas do celular, socorrem muitas vezes, rsrsrsr. O computador está sendo inserido no contexto, mas por hora serve mais para o registro pronto do que para os rascunhos.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
As ideias brotam na mente, nas caminhadas, após a meditação contemplativa junto a natureza e também de amores platônicos, aventuras vividas, lembranças. A meditação, exercícios de visualização, observação da natureza, leitura de outros poetas e escritores, participação em coletivos, são hábitos que cultivo para nutrir e manter a criatividade.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eita! Ao longo dos anos passei por tantos processos de escrita…começando pela narrativa (diário), prosa e poesia, contos, peças jurídicas rsrsrsrs. Hoje percebo que na verdade retornei aos meus primeiros textos, no que tange aos temas e assuntos, mas agora com novo vocabulário, nova estrutura, novas reflexões e ponto de vista, sem deixar de lado a simplicidade.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero escrever um livro estilo “best seller”, o título já existe, falta organizar o processo de escrita, o roteiro da história…organizo primeiro na cabeça, para colocar em ação e passar para o papel, depois. Gostaria de ler meu “best seller” SONU – UNOS…já existe em algum lugar e deve chegar logo, logo.