Cesar Veneziani é escritor, autor de Asas (Utopia, 2009), Neblina (Patuá, 2012), Versos Avulsos e Outras Valsas (Patuá, 2015) e Dicioneto Mitopoético – de Afrodite a Zeus (MorningStar Books, 2018).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Bem, sou escritor em tempo integral apenas há exato um ano. Nesse período centrei minha atividade no lançamento do meu último livro (“Dicioneto Mitopoético – de Afrodite a Zeus”, Morning Star Books), realizado no dia 06 de setembro passado, e na finalização de minha dissertação de mestrado, que defendo dia 9 de outubro próximo. Minha rotina matinal alterna períodos de intensa atividade com outros menos produtivos.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Não tenho um momento específico nem um ritual. Quando tenho um projeto que me motive produzo com intensidade e em quantidade. Sou capaz de ficar horas a fio por dias seguidos escrevendo quando a motivação é plena e em outros momentos fico apenas pesquisando novos temas e/ou projetos que me motivem.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
A rotina costuma ser imposta pela motivação. Mesmo motivado alterno momentos de produção intensa com momentos que chamo de “maturação de ideias” para só então passar à escrita. Como exemplo: escrevi este último livro em três meses e tenho um projeto de tradução de poemas de vários autores e línguas “na gaveta” há alguns anos…
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Meu processo de escrita é relativamente simples, ainda que em muitos casos muito trabalhoso. Costumo, a partir da ideia, identificar a forma (ou as questões estéticas que a envolvam) que melhor possa representá-la. Isto feito, mantenho-me atento a estas balizas estético-formais nas quais a ideia se instalou. Nos temas ou atividades que necessitem de pesquisa eu procuro me aprofundar com extrema dedicação e só escrevo quando tenho confiança e segurança na informação que vou passar aos meus leitores. Compro (e leio) livros, busco informações na internet assim como questiono amigos que tenham interesse no mesmo tema para que ou possam opinar sobre o que já está escrito ou fornecer novas fontes de pesquisa. Quando já tenho informações suficientes compiladas e estruturo as questões estético-formais parto para a escrita.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Só tenho uma trava: a falta de motivação! Quando motivado, me faço uma máquina de versos, mas sem… No entanto, mesmo motivado posso eventualmente ter alguma trava na escrita. Nessas situações que se mostram verdadeiras “chicanes” criativas, procuro deixar texto-ideia-pesquisa “decantando” e, quando me sinto capaz de resolver as travas e/ou impedimentos que não permitam a sequencia do trabalho, retorno a ele.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso meus textos quantas vezes forem necessárias para que o texto fique como eu gostaria de ler. Procuro mostrar meu trabalho a quem possa me ser isento em suas considerações: prefiro um comentário correto, ainda que devastador, do que um elogio vazio.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Toda tecnologia deve ser encarada com uma ferramenta a mais a serviço do escritor. Escrevo tanto direto no computador como no bloco de notas do celular ou em cadernos e folhas esparsas: onde for necessário.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Apesar de ter começado efetivamente e escrever muito tarde (meu primeiro livro é de 2009, aos 51 anos de idade) sempre fui muito brincalhão. Transformei e canalizei essa minha facilidade em fazer trocadilhos para a poesia. É inegável a influência de muita leitura de poetas, desde os clássicos aos contemporâneos, assim como o intercâmbio com amigos poetas para trocarmos impressões e influências. Outro hábito que cria bases para o processo criativo é meu interesse por diferentes áreas das artes: frequento desde museus e galerias até saraus e shows musicais alternativos. A diversidade de informações estéticas é o fator que mais contribui para a criação.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Sou muito exigente. Meus primeiros textos são poemas primários, quase juvenis. Li muito (continuo lendo) estudei muito (continuo estudando) e creio que nenhum talento se basta. Sem muita leitura e estudo a evolução enquanto escritor pode chegar a ser nula. Creio que compreendi isso desde o início e, sendo assim, não mudaria nada.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Por conta principalmente do mestrado, fui forçado a deixar outros projetos em espera. A partir de outubro devo me dedicar a eles. Não creio que sinta falta de algum livro ou tema específico que ainda não exista. Isto não me impede de buscar alternativas ao que já existe e, caso encontre, certamente serei eu a escrevê-los!