Ataide Tartari é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Pela manhã eu lia, além do jornal do dia, um romance ou livro de não-ficção (geralmente de divulgação científica).
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu escrevia depois do almoço, até 17h, mais ou menos. O único ritual que tinha era quanto ao estilo de prosa; se estivesse querendo emular um estilo em particular, eu lia um trecho do “modelo” como aquecimento.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Todos os dias, a não ser naqueles onde tinha outro compromisso. Sem metas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Para escrever contos, eu não usava notas. Já para romances, usava material pesquisado além de um roteiro de todos os capítulos com começo, meio e fim (claro que o roteiro acabava sendo reescrito ao longo do processo).
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Fazendo roteiros, assim você já sabe qual o próximo passo. Quanto ao medo e ansiedade, isso faz parte…
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Sou obstinado com a frase inicial, sempre reescrevia e nunca ficava satisfeito. Admiro frases iniciais “matadoras”. Só mostrava meus contos ao editor/organizador do zine ou antologia. No período em que fui cronista do Jornal da Tarde (de SP) só mostrava ao meu editor José Nêumanne (que às vezes censurava um trecho ou outro, às vezes não publicava). Quanto aos romances em inglês, eu pagava a agentes literários revisores dos EUA. Aprendi muito com eles.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Com exceção do meu primeiro livro (EEUU 2076DC – Um Repórter no Espaço, escrito sob o pseudônimo de A.A. Smith) que foi escrito à mão e depois datilografado (em 1986), sempre usei computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas ideias de FC vem principalmente da leitura de livros de divulgação científica. FC Hard. Nunca tive hábitos com essa finalidade.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A maior mudança foi aprender as técnicas de escrita criativa com os gringos. E existem muitas! Fiz várias oficinas, inclusive uma nos EUA, mas o aprendizado só veio mesmo com as revisões dos agentes literários americanos, que inclusive me mandaram livros explicando as técnicas.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Não tenho nenhum projeto atualmente. Meu gosto atual mudou para temas históricos (inclusive História Alternativa), biografias e economia. Mas a gente nunca sabe o que realmente quer até ser surpreendido por algo realmente novo. O que gosto é de ser surpreendido!