Ariane Dias é escritora, autora de “Desligue os Pontos” (Penalux, 2020).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Bom, idealmente gosto de começar o dia tomando um café da manhã bem demorado. Depois, leio rapidamente as notícias na internet ou assisto ao noticiário na TV mesmo, por uns 15 minutos. Quando nada disso é possível, só tomo um banho, me visto, tomo um café preto e saio correndo para o trabalho.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Certamente, as manhãs são mais produtivas para mim. Não tenho nenhum ritual de preparação, gosto apenas de colocar alguma música bacana e relaxar. Só consigo escrever bem quando estou descansada, com uma boa noite de sono na bagagem. O sono, para mim, é fundamental e influencia diretamente na qualidade do que coloco no papel.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo todos os dias porque trabalho com redação publicitária, mas não tenho metas. Tenho períodos concentrados e caóticos, em que os versos acabam saindo meio cuspidos. Depois do processo de cuspir as ideias centrais do que quero transmitir, de anotar para não esquecer, começo a organizar as coisas: edito, edito e edito. Isso pode demorar semanas ou meses.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Acho que a coleta de referências é a melhor parte do escrever. As vezes passo tanto tempo buscando, procurando e salvando que me perco no que gostaria de ter escrito originalmente. Por isso sempre tento colocar um limite nas pesquisas. Tento passar no máximo dois dias fazendo isso.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não acredito muito no que escrevo pressionada. Quando não sai, não sai e não fico me forçando. É claro que existem prazos e expectativas e respeitar tudo isso é fundamental. Por isso, sempre traço meus deadlines com uma gordura extra, que permita certa procrastinação e que dê espaço para o pensar em nada. É importante.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso no máximo três vezes. Mostro apenas para minha esposa que também é redatora.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Adoro a tecnologia, mas a sensação “caneta no papel” é impagável. Tenho uns 4 ou 5 caderninhos que me acompanham, no caso de algo precisar sair de dentro da minha cabeça.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Acho que as ideias acabam vindo dos lugares que a gente visita, dos filmes que a gente vê, dos livros que a gente lê, das músicas que a gente escuta e das conversas que a gente tem. É claro que uma boa meditação também pode ajudar a organizar as informações, mas a fonte mesmo está no conjunto.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Ah, muita coisa. Como pessoa mudei muito, então não teria como continuar escrevendo da forma que escrevia antes. Fundamentalmente, hoje em dia escrevo com mais calma e sobriedade, sem cair na tentação de botar no papel por botar no papel. Se pudesse voltar, diria para ir com calma.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de me envolver em projetos que tenham como cerne lugares e viagens. Um livro que gostaria de ler mas ainda não existe: A queda do governo Bolsonaro. rs.