Ana Paula Simonaci é escritora.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
De manhã acordo correndo para o trabalho, quando dá tempo, tomo um café forte. Nunca fui uma pessoa das manhãs.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Como tenho um emprego de tempo integral e estou escrevendo minha tese, trabalhar na escrita da poesia é mais um atravessamento do que um ritual ou uma rotina. É como uma fotografia que você tem que estar com a câmera na mão para a qualquer momento registrar um deslumbramento.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Quando escrevi meu livro Voo, escrevi todas as noites durante cerca de 6 meses. Depois o processo de edição levou mais 6 meses.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Na poesia a pesquisa é continua. Textos, leituras, pensamentos, experiências existenciais, sensações, emoções, delírios, tudo isso é material bruto da obra. Não necessariamente é uma pesquisa formal.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Posso deixar essa pergunta para depois? (risos)
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso várias vezes. Conto muito com as leituras de parceiros e amigos, e também dos ajustes junto aos editores.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo no suporte que estiver a mão. Se for um caderno de notas ou um notebook, não faz diferença para mim. Depois compilo e edito. Mostro para parceiros que dialogam comigo sim.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
De onde vem as ideias é uma pergunta ampla, poderia estender em filosofia. Sobre criatividade diria que vem da lua na casa 5 no meu mapa astral. (risos)
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O meu processo se transforma continuamente com as diferentes leituras e releituras autores, ao assistir espetáculos de teatro e dança, filmes, ao ouvir músicas, estudar filosofia, linguagem, e com contatos, conversas e cervejas com diferentes poetas, escritores e artistas diversos. O que eu diria para mim? Continue trocando ideias, quanto mais o mundo te permeia, mais a arte também.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O meu livro de poemas Voo, o vejo como uma partitura. Então penso em desenvolvê-lo com dança e dramaturgia. Ainda não comecei, porém penso que é um livro que é mais amplo do que o suporte, é uma base para diversas criações artísticas. O livro que eu gostaria de ler e ainda não existe seria algo que não pudesse imaginar: alguma como coisa que me espante.