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Como escreve Adriel Christian

22 de outubro de 2020 by José Nunes

Adriel Christian é escritor e redator.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

Durmo e acordo cedo. Ao despertar, gosto de aproveitar a manhã e o silêncio de casa, já que todos ainda estão na cama. Vou pra área, preparo um chá e leio um pouco enquanto vejo o sol nascendo e os pássaros cantar. Às vezes, faço leituras por hobbie e outras vezes folheio revisitas que abordam os assuntos do meu trabalho (Marketing e Propaganda).

Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?

Gosto de produzir durante o dia. À noite não flui muito quando estou escrevendo histórias. Quando tenho que escrever crônica ou texto pra algum projeto, prefiro a parte da noite, pois deu tempo de descansar a mente pra escrever sobre algo mais pessoal e real.

Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?

Escrevo diariamente, por prazer e trabalho. Quando estou focado em algum projeto, costumo escrever um capítulo por dia. Algo em torno de 2 mil palavras, pois gosto de capítulos curtos.

Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?

Antes de criar os personagens, fatos e afins, gosto de iniciar o projeto criando uma playlist de músicas que gosto e se interligam de alguma forma. Após ter a playlist pronta, escrevo um prólogo com alguns dos fatos/temas que a história tratará e só depois vou construir personagens e enredo.

Do início ao fim, as músicas da playlist me acompanham e me trazem mais inspiração.

Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

Quando tenho bloqueio criativo, deixo o projeto de lado e vou ler livros ou ver séries que abordam os mesmos temas da história. É uma forma de eu relaxar e até mesmo buscar inspiração.

Gosto de ler também sobre o processo criativo de outros escritores. O Stephen King tem um livro maravilhoso. O título dele é “Sobre a escrita” (2015).

Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?

Nunca cheguei a contar quantas vezes faço a releitura. O que sei é que a quantidade me faz abusar o que escrevi. Logicamente, bate a insegurança e tenho que correr pra pedir a opinião dos amigos e leitores betas.

Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?

Sempre escrevo no computador, mas gosto de fazer alguns planejamentos e linha do tempo no papel, pois isso me deixa mais tranquilo e à vontade pra imaginar as situações e aonde quero levar os meus personagens.

É aquela velha combinação: papel + caneta + café.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?

Acredito muito em astrologia. Meu sol é em virgem e minha lua é em câncer. Ou seja: os dramas da minha lua me ajudam demais na parte criativa que o sol me propõe.

Pra quem não entendeu nada do que quis dizer: minhas vivências me ajudam na hora de criar. Gosto de escrever sobre o que vivi, vi ou quero que aconteça. Viver me faz querer escrever e criar.

O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?

Muita coisa mudou da minha época de blogueiro-adolescente que escrevia contos heterossexuais até os dias atuais. Aprender mais sobre mim mesmo me ajudou na hora de escolher o que escrever, quando escrever, sobre o que escrever… Entender mais sobre minha sexualidade (homossexual) me fez colocar mais representatividade e verdade.

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Gostaria muito de ter uma coluna em alguma revista ou portal de notícias de grande audiência pra escrever sobre os casos e acasos do dia a dia. As reflexões em palavras podem não só me ajudar, mas também fazer com que outras pessoas vejam que todos estamos no mesmo barco e com as mesmas paranóias.

O livro que gostaria de ler e ainda não é existe é aquele que um dia eu irei escrever. Estou só acumulando experiências pra colocar tudo em prática.

* Entrevista publicada originalmente em 22 de outubro de 2020, no comoeuescrevo.com (@comoeuescrevo).

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@comoeuescrevo) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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