Adam Mattos é escritor, autor de Devaneios de uma mente perturbada.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Levanto, tomo um café e fumo um cigarro, já planejando mais ou menos como será o meu dia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Escrevo em qualquer momento e em qualquer lugar. Não tenho nenhum ritual que faça sempre. Geralmente quando sinto que devo escrever eu sento e escrevo. Pode ser no computador, ou até mesmo no meu celular. Mas quando sinto falta de inspiração para escrever, pratico meditação transcendental. Dica do mestre David Lynch. Quem quiser conhecer mais sobre essa técnica pode ler o livro: “Em águas profundas”.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu procuro escrever todos os dias sim. Minha meta é escrever. Não importa quanto. Muitos fatores interferem na nossa escrita, e não temos como controlar tudo. Tenho um filho de um ano e nove meses por exemplo, que demanda atenção. Mas pelo menos uma poesia que seja eu tenho conseguido manter a meta.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Gosto de pesquisar quando o momento pede. É claro que temos que fazer sempre uma pesquisa inicial, e dela para começar pra mim é muito simples, pois o processo de pesquisa se fez necessário por já ter em mente o que escrever. E as “secundárias” digamos assim, aquelas que se fazem necessárias no decorrer do livro, as faço no momento que preciso. Afinal, dificilmente você começa a escrever já sabendo exatamente todos os caminhos que a história vai levar.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu medito! Rs. Mas falando sério, isso é algo que todo escritor passa, não tem como fugir. Com o tempo nós aprendemos formas de lidar com isso, e deixando claro que o que funciona para um pode não funcionar para outro. Cada um aprende a sua forma com a experiência.Eu escrevo todos os dias, nem que seja uma linha. Isso ajuda você a se manter conectado com a história. Quanto mais tempo você procrastinar mais distante a história vai ficando de você. Então acredito que temos que tratar a escrita como um trabalho mesmo, como outro qualquer, e forçar a inspiração mesmo quando não temos vontade, e não ficar esperando que ela venha. Às vezes não vem.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Depende. Quando é livro de poesia, não reviso. As poesias já estão prontas. Quando é prosa, aí tem que revisar várias vezes. Reviso pelo menos três vezes o livro inteiro, e sempre mostro os livros para certas pessoas antes de publica-lo. Geralmente amigas ou amigos que gostam do meu trabalho. E outras vezes mostrar se torna extremamente necessário. Um exemplo é meu próximo livro de contos, ainda em segredo, que estou escrevendo em conjunto com a Maria Paula Nogueira do ig @folheando.ideias será mostrado para algumas feministas, pra garantir que o livro esteja de acordo com a mensagem que queremos passar. Esse cuidado deve sempre ser tomado.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Já me entreguei completamente à tecnologia. Hoje escrevo direto no computador, ou muitas vezes até mesmo no celular. Não uso mais papel.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Eu, como escritor, vejo a vida com olhos de escritor. Qualquer coisa pode servir de inspiração para o início de uma história, ou para uma poesia, ou alguma cena específica de algo que já está escrevendo, portanto sempre procuro observar. Ler notícias, assistir documentário, filmes, etc.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O que mudou principalmente foi a quantidade de livros escritos ao mesmo tempo. Quando comecei, começava vários livros e não terminava nenhum. Portanto, o que diria para o Adam do passado é: foque em um projeto de cada vez. É assim não desperdiçar tantas histórias boa que ficaram para trás.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de escrever um livro sobre a religião islâmica. Eu já até comecei, mas é um dos projetos que ficaram para trás. Espero um dia ter a dedicação única e necessária para colocar esse projeto em prática.
Gostaria de ler um livro de história que narrasse o fim dos conflitos religiosos no mundo!